Oi! Meu nome é Júlia, sou estudante de Pedagogia do 5º semestre da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, aluna da disciplina de Educação Musical, da professora Dulcimarta Lemos Lino e através desse post, gostaria de compartilhar com todxs um pouco das minhas reflexões sobre música e ancestralidade, com base no que venho aprendendo nas aulas, no que li em outros posts do Fladem e ao longo da minha caminhada de vida.
"A música faz parte de um grande ritual."
Assim aprendemos com os cantos do povo indígena Tikmu'un, sendo esses cantos repletos de envolvimento, co-presença e diversas relações. Rodolfo Kush costuma chamar a nossa América de "América profunda", e é nesse espaço geográfico, histórico, social e cultural profundo que a nossa própria cultura veio se difundindo, se espalhando por entre veias e de certa forma, se apagando com a força contrária de uma cultura capitalista e midiática.
É preciso resistir e relembrar que as nações têm uma alma, e portanto, a alma brasileira é perpassada por diversas cores, lugares, sabores e sons. E é buscando as nossas ancestralidades, tanto na história quanto nas práticas culturais, nas quais a música está intrinsecamente inserida que conseguimos reencontrar a conexão e a sintonia com os nossos próprios corpos, nossas almas e veias ancestrais.
A utilização do instrumento sopapo na Educação Musical, originado na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, é uma das formas de resgatar a ancestralidade, que nesse caso vem do tambor.
Resgatar a ancestralidade do tambor é um ato pedagógico, que afirma na prática o compromisso dxs pedagogxs em saber onde procurar recursos culturais para mostrar a diversidade e escolher aquilo que é mais sincero para si, para o outro e para o coletivo, procurando também aprender a aprendeer dos alunos o que ensinar, conforme nos traz Hoitter. O compromisso dxs pedagogxs também está no ato de proporcionar experiências que desenvolvam e envolvam, que valorizem o percurso e não só o discurso. É nesse sentido que sabemos que a música não é apenas um texto lido, mas é um texto corporal feito que ensina a escutar e criar, e assim a música se cria e se recria no nosso corpo.
"Tudo começou com um sim: uma molécula disse sim à outra molécula e nasceu vida" (Clarisse Lispector)
Essa frase reafirma a urgência de dizermos "sim" às nossas raízes ancestrais e dar vida a elas através de nossos corpos brincantes imersos em práticas orgânicas de educação musical que pulsem a ancestralidade em suas sonoridades.